terça-feira, 8 de junho de 2010

Fim do Blog


Muito tempo sem atualizar, e a idéia do blog não corresponde mais as minhas espectativas, ninguém tem paciencia de ler textos grandes na tela de computador haha :) vejo vocês em 140 carácteres no twitter.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pucca&Garu

que minha namorada fez pra mim

domingo, 25 de outubro de 2009

My family never hugs

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Onde nada cresce


Onde nada cresce

Eu vi o amor perder
e se o amor perde
o que pode ganhar?
Cheguei aonde nada cresce

A prisão pra nós
foi a condição
d'eu me recusar
a tocar no seu tom

e como foi assim
e o amor não pode superar
não há mais o que vai nos libertar

Entretanto, de onde nada cresce
eu rascunho poesia
como quem planta sementes


Lucas Araujo

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Depois do depois

Depois do depois

E depois de milênios no céu
o tédio me fez ver que estava no inferno
Passei minha vida esperando por isso
mas hoje odeio essa imensidão azul

Rio azul Aqueronte, chamado céu
Caronte sempre nos conduz ao Tártaro
a vida entediante me conduziu ao enfarto
estou a léguas de qualquer felicidade

Estou no céu
mas sinto o próprio inferno queimando
sou mesmo assim, não sei colher o dia
sem ansiar o posterior
Não sei colher do céu sem ansiar o inferno

Sou como um câncer nas entranhas divinas
as dúvidas que Ele plantou em mim
estigam-me a colher respostas insatisfatórias

E depois do depois me rendo a Caronte
encontro Hades que me confunde dizendo:
- Eu sou seu depois do depois,
sou sua resposta final

- Agora que enfrentou Cérbero,
a travessia de Aqueronte
por uma vida inteira de dúvidas
tem coragem de enfrentar-me ou tem medo de enlouquecer?

Lucas Araujo

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Arte e reprodutibilidade técnica

Arte e reprodutibilidade técnica está no livro Assalto à cidadela dos Deuses de 2003, livro de contos e poemas do meu pai, Cláudio Carvalho. O curta feito com o texto foi uma adaptação de Carlos Jorge.



Arte e reprodutibilidade técnica

Escrevia com o próprio sangue. Era um hábito. Cortava calmamente o pulso esquerdo, deixava escorrer o líquido sobre o tinteiro, misturava um pouco de anticoagulante e molhava a ponta da pena.

Procedeu assim por um bom tempo. Até descobrir: não poderiam publicar algo escrito com sangue. Tinta era mais limpo e comercialmente correto. Descobriu mais: seus textos pareciam valer mais pela caligrafia e pelo material empregado do que pelo conteúdo literário.

Aconselharam: "você deveria se tornar um artista plástico."

Foi o que fez: plastificou-se. Inteiro. Naturalmente, morreu. Mas sua proeza tornou-se famosa. Foi parar num museu. As fotografias do corpo estão valendo uma fortuna.

Cláudio Carvalho

Soneto para a anarquia

Soneto para a anarquia

Eu poderia até dizer que não acredito
no socialismo-utópico ou anarquia
Mas isso não é verdade
eu acredito na utopia

Eu poderia fingir ser outra pessoa
mas eu acredito que existo
e partindo até disso
só sou inteiro com o que eu quero

E não é ingenuidade ou otimismo
porque quem quer não quer poder
quem quer sabe que pode

Se consegue, é outro assunto
Mas se fez o que queria
mesmo que por um segundo
______[exerceu a anarquia


Lucas Araujo

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Todo mundo quer te comer



Se em uma visita à padaria, no início do dia
perceber que estão olhando pra você
Se ao pedir sente-se mal pela forma que é tratado
Se ao sair persiste o que sente,
então sente-se vigiado.
De fato, todo mundo quer comer você

Ao acordar sente que a noite
algum estranho ou pai tarado
Olhou-te a noite inteira afim
A fim de descobrir uma brecha
Afim de conhecer a brecha

Então fecha-se permanentemente
já não se olha como antes
Já não se sente debutante
e sim um bife concorrido

E então treina um gemido,
trejeitos propícios para ocasião
mas ainda é assustado
Será que só você sabe e eles não?

Você não pode acreditar
que no trabalho ninguém sabe
que depois do expediente
a vontade do gerente
é foder com os funcionários

E então passa o tempo
e você se conscientiza
que o assunto é com você

Sente medo e de repente,
acaba até virando crente
pra Jesus te proteger

E na igreja os solteiros
alguns da banda de louvores
organizaram uma excursão para o Sítio de las Flores

E o flerte é recorrente,
mas continua o que'cê sente
De forma ingênua um irmão
quer te foder, cansou da mão

A excursão foi um pretexto
o casamento também é
você sabe que é com você
e todos querem te comer

E aonde quer que você vá
nunca encontrará sossego
porque a vida é essa selva
você é o mais fraco na cadeia alimentar
Passe a dormir com os olhos certos abertos
porque homem, mulher, criança, cachorro, velhinha:
todo mundo quer te comer


Lucas Araujo

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Chuva



segunda-feira, 9 de junho de 2008

The Raven (O Corvo) - Edgar Allan Poe


Postando um poema traduzido de Edgar Allan Poe, só pra não deixar de postar mesmo... o blog está entregue as moscas... vou colocar a tradução, e link externo pro original. O que eu mais gostei dessa tradução é que é uma tradução em prosa, diferente da tradução em verso rimado por Fernando Pessoa que normalmente encontramos em livros de poemas traduzidos de Allan Poe, a tradução em prosa de Helder Rocha é mais literal e ajuda, inclusive, na leitura do original.

O Corvo

Numa sombria madrugada, enquanto eu meditava, fraco e cansado, sobre um estranho e curioso volume de folclore esquecido; enquanto cochilava, já quase dormindo, de repente ouvi um ruído. O som de alguém levemente batendo, batendo na porta do meu quarto. "Uma visita," disse a mim mesmo, "está batendo na porta do meu quarto - É só isto e nada mais."

Ah, que eu bem disso me lembro, foi no triste mês de dezembro, e que cada distinta brasa ao morrer, lançava sua alma sobre o chão. Eu ansiava pela manhã. Buscava encontrar nos livros, em vão, o fim da minha dor - dor pela ausente Leonor - pela donzela radiante e rara que chamam os anjos de Leonor - cujo nome aqui não se ouvirá nunca mais.

E o sedoso, triste e incerto sussurro de cada cortina púrpura me emocionava - me enchia de um terror fantástico que eu nunca havia antes sentido. E buscando atenuar as batidas do meu coração, eu só repetia: "É apenas uma visita que pede entrada na porta do meu quarto - Uma visita tardia pede entrada na porta do meu quarto; - É só isto, só isto, e nada mais."

Mas depois minha alma ficou mais forte, e não mais hesitando falei: "Senhor", disse, "ou Senhora, vos imploro sincero vosso perdão. Mas o fato é que eu dormia, quando tão gentilmente chegastes batendo; e tão suavemente chegastes batendo, batendo na porta do meu quarto, que eu não estava certo de vos ter ouvido". Depois, abri a porta do quarto. Nada. Só havia noite e nada mais.

Encarei as profundezas daquelas trevas, e permaneci pensando, temendo, duvidando, sonhando sonhos mortal algum ousara antes sonhar. Mas o silêncio era inquebrável, e a paz era imóvel e profunda; e a única palavra dita foi a palavra sussurrada, "Leonor!". Fui eu quem a disse, e um eco murmurou de volta a palavra "Leonor!". Somente isto e nada mais.

De volta, ao quarto me volvendo, toda minh'alma dentro de mim ardendo, outra vez ouvi uma batida um pouco mais forte que a anterior. "Certamente," disse eu, "certamente tem alguma coisa na minha janela! Vamos ver o que está nela, para resolver este mistério. Possa meu coração parar por um instante, para que este mistério eu possa explorar. Deve ser o vento e nada mais!"

Abri toda a janela. E então, com uma piscadela, lá entrou esvoaçante um nobre Corvo dos santos dias de tempos ancestrais. Não pediu nenhuma licença; por nenhum minuto parou ou ficou; mas com jeito de lorde ou dama, pousou sobre a porta do meu quarto. Sobre um busto de Palas empoleirou-se sobre a porta do meu quarto. Pousou, sentou, e nada mais.

Depois essa ave negra, seduzindo meu triste semblante, acabou por me fazer sorrir, pelo sério e severo decoro da expressão por ela mostrada. "Embora seja raspada e aparada a tua crista," disse eu, "tu, covarde não és nada. Ó velho e macabro Corvo vagando pela orla das trevas! Dize-me qual é teu nobre nome na orla das trevas infernais!".

E o Corvo disse: "Nunca mais."

Muito eu admirei esta ave infausta por ouvir um discurso tão atenta, apesar de sua resposta de pouco sentido, que pouca relevância sustenta. Pois não podemos deixar de concordar, que ser humano algum vivente, fora alguma vez abençoado com a vista de uma ave sobre a porta do seu quarto; ave ou besta sobre um busto esculpido, sobre a porta do seu quarto, tendo um nome como "Nunca mais."

Mas o corvo, sentado sozinho no busto plácido, disse apenas aquela única palavra, como se naquela única palavra sua alma se derramasse. Depois, ele nada mais falou, nem uma pena ele moveu, até que eu pouco mais que murmurei: "Outros amigos têm me deixado. Amanhã ele irá me deixar, como minhas esperanças têm me deixado."

Então a ave disse "Nunca mais."

Impressionado pelo silêncio quebrado por resposta tão precisa, "Sem dúvida," disse eu, "o que ele diz são só palavras que guardou; que aprendeu de algum dono infeliz perseguido pela Desgraça sem perdão. Ela o seguiu com pressa e com tanta pressa até que sua canção ganhou um refrão; até ecoar os lamentos da sua Esperança que tinha como refrão a frase melancólica 'Nunca - nunca mais.' "

Mas o Corvo ainda seduzia minha alma triste e me fazia sorrir. Logo uma cadeira acolchoada empurrei diante de ave, busto e porta. Depois, deitado sobre o veludo que afundava, eu me entreguei a interligar fantasia a fantasia, pensando no que esta agourenta ave de outrora, no que esta hostil, infausta, horrenda, sinistra e agourenta ave de outrora quis dizer, ao gritar, "Nunca mais."

Concentrado me sentei para isto adivinhar, mas sem uma sílaba expressar à ave cujos olhos ígneos no centro do meu peito estavam a queimar. Isto e mais eu sentei a especular, com minha cabeça descansada a reclinar, no roxo forro de veludo da cadeira que a luz da lâmpada contemplava, mas cujo roxo forro de veludo que a lâmpada estava a contemplar ela não iria mais apertar, ah, nunca mais!

Então, me pareceu o ar ficar mais denso, perfumado por invisível incensário, agitado por Serafim cujas pegadas ressoavam no chão macio. "Maldito," eu gritei, "teu Deus te guiou e por estes anjos te enviou. Descansa! Descansa e apaga o pesar de tuas memórias de Leonor. Bebe, oh bebe este bom nepenthes e esquece a minha perdida Leonor!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! - profeta ainda, se ave ou diabo! - Tenhas sido enviado pelo Tentador, tenhas vindo com a tempestade; desolado porém indomável, nesta terra deserta encantado, neste lar pelo Horror assombrado, dize-me sincero, eu imploro. Há ou não - há ou não bálsamo em Gileade? - dize-me - dize-me, eu imploro!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! - profeta ainda, se ave ou diabo! Pelo Céu que sobre nós se inclina, pelo Deus que ambos adoramos, dize a esta alma de mágoa carregada que, antes do distante Éden, ela abraçará aquela santa donzela que os anjos chamam de Leonor; que abraçará aquela rara e radiante donzela que os anjos chamam Leonor."

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Que essa palavra nos aparte, ave ou inimiga!" eu gritei, levantando - "Volta para a tua tempestade e para a orla das trevas infernais! Não deixa pena alguma como lembrança dessa mentira que tua alma aqui falou! Deixa minha solidão inteira! - sai já desse busto sobre minha porta! Tira teu bico do meu coração, e tira tua sombra da minha porta!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

E o Corvo, sem sequer se bulir, se senta imóvel, se senta ainda, sobre o pálido busto de Palas que há sobre a porta do meu quarto. E seus olhos têm toda a dor dos olhos de um demônio que sonha; e a luz da lâmpada que o ilumina, projeta a sua sombra sobre o chão. E minh'alma, daquela sombra que jaz a flutuar no chão, levantar-se-á - nunca mais!


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Os restos

Segundo conto que eu posto aqui, esse conto futurista fala sobre um relacionamento que era pretendido durar para sempre e uma idéia para torná-lo eterno. Há de ter mais paciência pra ler do que os outros versinhos curtos do site, mas acho que vale mais a pena também.


Os restos


"E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos"
Chico Buarque - Futuros Amantes




Resquícios que seriam os restos mortais de alguma alma eram manipulados naquela sala. A despeito dos nossos preceitos de que não deveríamos criar, recriar ou manipular a vida, talvez nem mesmo Deus, base desse argumento, questionaria a importância do que acontecia ali. Restos frágeis de uma existência complexa. Restos frágeis demais pra um réptil terrestre, complexos demais pro cientificismo da época dos que trabalham a dias naquela sala.

"Meu nome é Gabrielle e eu amo Jonas mais que tudo, e quero que seja pra sempre ..."

Talvez fossem como Deus, pelo rigor científico com que trabalhavam. Dispensam uma apresentação corpórea por não parecerem com nada que possamos facilmente reconhecer. Tinham a sala e uma aparelhagem, não parecia uma oficina nem uma sala de cirurgia. Encontram-se em um futuro incalculável ou talvez um futuro relativo, atemporal, tido aqui como futuro somente pelo fato da medíocre capacidade de seu narrador para descrever qual avançada era a civilização citada. Tal avanço só pode ser descrito por mim da seguinte forma: de tão avançada a civilização já se conhecia por inteiro. Não questionavam-se mais, havia respostas para tudo, bibliotecas variadas sobre todos assuntos, do ser ao não ser, o avanço dessa civilização os permitiu dedicarem-se a descoberta de outra civilizações, primitivas ou não. Códigos, códices, palavras: todas deveriam ser descobertas, desvendadas, expostas, discutidas e enfim arquivadas para posterior consulta.

O trabalho em o que seria uma tentativa primitiva de perpetuar uma informação continuava intenso. Calculando da forma que vemos o tempo, poderíamos dizer que séculos eram necessários para decifrar apenas uma letra.

"Meu nome é Jonas, amo Gabrielle e quero que seja pra sempre..."
Os restos naquela sala respondem como se seguissem um padrão.

Caráter comum no que conhecemos como matéria é o aspecto palpável. No objeto manipulado o que havia de paupável era pouco, o que tornaria imprescindível que fosse decifrado também os códices encontrados junto. A referida civilização considerava matéria também as partes inatingíveis pelos sentidos: apesar de não verem nenhum propósito nos sentimentos sabiam através de seus estudos a importância deles para muitas civilizações menos avançadas e sabiam que a recuperação e a reprodução fiel de qualquer forma de realidade das primitivas dependeria de um profundo estudo sobre eles. O padrão dos resquícios de vida revelaram-se mais tarde se organizarem em cadeias, representarem um sentido e tratarem-se de parte decifrável de um sistema de existência biológica, ou, sendo mais correto, de dois sistemas. Para nós eram apenas fios de cabelo de duas pessoas.

Em outro departamento de pesquisas os padrões da língua se organizavam. De forma complexíssima era revelada uma história simples, de palavras simples e simples razões que seria a chave para uma reconstituição.

"Meu nome é Gabrielle e eu amo o Jonas mais que tudo, e quero que seja para sempre. Meu nome é Jonas, também amo Gabrielle e quero que seja pra sempre. Estamos em 2008, passamos anos maravilhosos juntos, mas sentimos semanas atrás um abalo significativo no nosso relacionamento. Sentimos que por alguma besteira poderíamos nos separar e isso seria péssimo. Motivados por razões adversas discutimos, nos afastamos, nos magoamos e por fim nos separamos. Passamos então os dias procurando um motivo razoável para a separação, apesar de encontrarmos atráves do ciúme e das mágoas diversos motivos para não voltarmos, continuamos sendo um do outro, mesmo afastados. Três dias atrás, como sem querer, a encontrei na rua, sem exitar falei tudo que sentia por ela, tudo junto, sem intervalos. Passamos os outros dois dias no paraíso, e no terceiro dia veio o medo de perdê-la outra vez: nela e em mim. Gabrielle então teve uma idéia, faríamos uma capsula do tempo, contaríamos a nossa história e guardaríamos alguns fios de cabelo para uma eventual reconstituição do nosso DNA. Talvez um câncer, uma mágoa mal curada, uma fatalidade ou uma crise de ciúme possa dar um fim definitivo a nós, mas temos certeza que nos últimos dois dias vivemos o paraíso, e é aqui que queremos ficar para sempre. Escrevemos e cavaremos bem fundo para que em qualquer época nosso amor possa durar para sempre, para que uma civilização avançada possa nos aproximar novamente, ou que para pelo menos tenhamos a esperança que isso aconteça.

Elle&Jonny"



domingo, 24 de fevereiro de 2008

Um dia daqueles

muito bacaninha ;D
é um livro tals, e tem também outras séries bacaninhas

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Casulo


Casulo


Inveja infundada que sinto dos suicidas
Julgo o que não entendo
Não os vemos mais
E aparentemente cessam-se as adversidades

No que ela vai trabalhar?
Conseguiu passar no vestibular?
Ou vive em um casamento sem amor?

Só que pra arma isso não é importante
No escuro eterno há um atrativo
Para os olhos fadigados pela insônia

E eu que estou do outro lado
Sou as respostas que você esperava
Mas tenho a vida inteira pela frente
E os nossos filhos pra cuidar

Eu vim lhe trazer a esperança
Mas não tão breve
Vive intensamente e de vez em quando
Lembra de mim

Enxuga as lágrimas
Separe-as do sangue
Hoje eu te dei outra chance
E aqui é onde você renasceu



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Resumo



Primeiro a gente tem vontade e tempo, mas não tem dinheiro
depois a gente tem dinheiro e vontade, mas não tem tempo
e então a gente tem tempo e dinheiro, mas não tem vontade


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O Ministério da Morte


A estória dos versos abaixo, é por si só mais interessante do que os próprios versos. A idéia do Ministério da Morte começou quando um amigo meu me contou que havia lido por sobre o ombro de um homem no ônibus uma carta que conteria uma requisição para comparecimento do homem em um local para que então fosse incinerado (morto). Meu amigo disse que a carta tinha brasão do governo, era escrita em papel de qualidade. Foi daí que escrevi os versos a seguir, que acabaram virando música da minha banda (Contra) e também tenho vontade de escrever uma história maior sobre o tal ministério secreto que incineraria homens e incentivaria a eutanásia voluntária (?) de sujeitos considerados párias ou simplesmente de sujeitos que não queriam mais viver. É interessante também o que aconteceu um tempo depois que ele me contou a história: meu amigo cismou comigo que fui eu que contei ter lido a carta do sujeito no ônibus e ter contado a ele. Eu tenho CERTEZA que nunca li essa carta. Será o ministério agindo? Será que ele tem medo de dizer que ELE leu tal carta? Hahah ;D



O Ministério da Morte

A carta foi entregue em minha porta
o Estado queria me ver morto
julgavam minha vida sem sentido
estou fora dos planos do futuro

A carta e o brasão do governo
A carta e razão do governo

E quem vai buscar cigarros e não volta
de certo que o corpo nunca fora encontrado
o Ministério se encarrega do serviço
e a família raramente nota a falta

A carta e o brasão do governo
A carta e razão do governo

"Viemos por meio desta
Solicitamos o comparecimento
Com dezoito litros de gasolina
e um saco onde as cinzas irão dentro"




Última Chance

Passo a frente é o fim da última chance
Se há volta, não arrisque o fim prematuro
porque dói em todo mundo quase sempre
e o que varia é a força e a intensidade
e que o triste é parte da felicidade
e o caminho é passar por quase tudo
porque as respostas nunca são satisfatórias
e a morte é tão escura e tão incerta
mas a vida não te esconde a verdade

In Memoriam

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

pensamento do dia ;D



Saudades de alguém que não conheço



Um dia me pus a pensar em tudo que nunca passamos juntos
e aonde você foi quando eu mais precisei
Se aínda quiser, volte em um futuro e estará perdoado
Tudo será como sempre planejamos.




sábado, 29 de dezembro de 2007

A guerra pela TV


A charge foi retirada do site dos Malvados e o poema escrito pelo meu pai está no livro Assalto à Cidadela dos Deuses.



A guerra pela tv

Deve ser louco quem senta seguro na sala
enquanto a vida dos outros
está por um míssil, uma bala


Porque a vida nunca é dos outros
É de todos
ou de ninguém.


Deve ser louco quem faz da tela uma cela
e assiste calmamente à morte
pouco antes da novela.


Cláudio Carvalho


quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Para Helena

Abaixo poema de Edgar Allan Poe. O poema "Para Helena" descreve um encontro em um jardim enfeitiçado aonde o protagonista encontra pela primeira vez a amada que instantes depois "se desfaz" na neblina do jardim, sobrando apenas os focos luminosos de seus olhos que se transformam em estrelas.

Para Helena

Vi-te uma vez, só uma, há vários anos,

já não sei dizer QUANTOS, mas NÃO MUITOS.
Era em junho; passava a meia-noite
e a lua, em ascensão, como tua alma,
nos céus abria um rápido caminho.
O luar caía, um véu de seda e prata,
calma, tépida, embaladoramente,
Em cheio, sobre as faces de mil rosas,
que floresciam num jardim de fadas,
onde até o vento andava de mansinho.
Caía o luar nas faces dessas rosas,
que morriam, sorrindo, no jardim
pela tua presença enfeitiçado.

Toda de branco, vi-te reclinada
sobre violetas; e o luar caía
sobre a face das rosas, sobre a tua,
voltada para os céus, ai! de tristeza!

Não foi o Destino, nessa meia-noite,
não foi o Destino (que é também Tristeza)
que me levou a esse jardim, detendo-me
com o incenso das rosas que dormiam?
nenhum rumor. O mundo silenciara.
Só tu e eu (meu Deus! como palpita
o coração, juntando estas palavras!)...
Só tu e eu... Parei... Olhei...
E logo todas as coisas se desvaneceram.
(Lembra-te: era um jardim enfeitiçado.)
Fugiu a luz de pérola da lua.
Os canteiros, os meandros sinuosos,
flores felizes, árvores aflitas,
tudo se foi; o próprio odor das rosas
morreu nos braços do ar que as adorava.

Tudo expirara... Tu ficaste... Menos
que tu: a luz divina nos teus olhos,
a alma mos olhos para os céus voltados.
Só isso eu vi durante horas inteiras,
até que a lua fosse declinando.
Ah! que histórias de amor se não gravavam
nas celestes esferas cristalinas!
que mágoas! que sublimes esperanças!
que mar de orgulho, calmo e silencioso!
e que insondável aptidão de amar!

Mas, afinal, Diana se sepulta
num túmulo de nuvens tormentosas.
tu, como um elfo, entre árvores funéreas,
deslizas. Só TEUS OLHOS PERMANECEM.
NÃO QUISERAM fugir e não fugiram.
Iluminando a estrada solitária
de meu regresso, não me abandonaram
como o fizeram minhas esperanças.

E ainda hoje me seguem, dia a dia.
São meus servos - mas eu sou seu escravo.
Seu dever é luzir em meu caminho;
meu dever é SALVAR-ME pro seu brilho,
purificar-me em sua flama elétrica,
santificar-me no seu fogo elísio.
Dão-me à alma Beleza (que é Esperança).
Astros do céu, ante eles me prosterno
Nas noites de vigília silenciosa;
e ainda os fito em pleno meio-dia,
duas Estrelas-d`Alva, cintilantes,
que sol algum jamais extinguirá.



sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Os esquecidos

Gente que mora no esgoto,
gente que vive na rua,
gente que esquecem que é gente
gente que o voto não conta

gente que se sente vazia
gente que conhece o diabo
gente que não tem documento
gente que não tem um passado

gente pelas quais nós passamos
e nunca olhamos nos olhos
pra não ver a que ponto chegamos
por ter, ou não ter algum sonho

Lucas Araujo

Vincent

O curta-metragem Vincent de 1982 é o primeiro com assinatura oficial de Tim Burton, cineasta estado-unidense amante dos filmes de terror que possui como particularidade o comum uso de elementos de festas como Halloween e Natal. Tim Burton tem em sua filmografia filmes e animações conhecidas como: Edward Mãos de Tesoura, Beetlejuice (Besouro Suco), A Noiva Cadáver, Batman, Batman - O Retorno, A Fantástica Fábrica de Chocolate e Marte Ataca.
Vincent Malloy é um menino solitário de 7 anos com a imaginação fértil que queria ser Vincent Price, ator de filmes de terror da década de cinqüenta até a década de setenta. O curta foi desenhado, escrito e dirigido por Tim Burton.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O Lenço

O texto fala principalmente de solidão. O personagem principal e narrador é um homem insone que não sabe a quantos dias passa sem dormir e começa a se sentir perseguido pelo sobrenatural mesmo com suas convicções materialistas, o desfecho é a canalização de toda culpa de sua insônia para um foco.


O Lenço

Sou um homem certo de minhas convicções materialistas, e talvez por isso passe as noites insone refletindo sobre o mal do mundo, agregando a este mal todo tipo de superstição ou crença, alegando que apenas pela verdade definitiva do materialismo poderíamos encarar os problemas de frente sem recorrer a seres cósmicos de poder astral e/ou divino. Antecipei minhas convicções materialistas para que quando lesse meu relato tivesse certeza que não foi escrito por um místico ou mesmo por um canastrão comum dos que lucram pela fé alheia, como feiticeiros modernos ou às vezes denotado pastor, mesmo que tal trabalho do real pastor não demande das ovelhas qual onerosa quantia além do próprio pelo. O fato é que para um homem insone nada é mais perturbador do que a possibilidade de não dormir, e é neste ponto que introduzo o caráter surreal da experiência que vivi, principalmente para mim.

Fazia oito noites que não sabia se dormira ou se estivera acordado, fora o sensível aumento da minha irritabilidade e de minhas olheiras, a falta do sono noturno ou a falta do conhecimento se houvera dormido a noite, não afetaram minhas funções biológicas nem me deixaram doente, por isso continuava indo normalmente ao trabalho, mas estava cada segundo mais preocupado quanto a minha condição insone, tanto que por vezes dispensava Carmem assim que eu chegava do trabalho e punha-me a tentar dormir desde de tarde, aumentando mais aínda meu suplício quando alcançava as quatro da manhã e eu lembrara de ter ouvido todas as badaladas desde antes do silêncio da rua que normalmente dava-se às meia-noite. Passara um mês sobre estas condições, procurei um médico que aparentemente duvidou da minha condição de insone crônico por concluir que minhas condições físicas estavam demasiadamente em ordem para que tal quadro estivesse efetivamente acontecendo. Alegou que eu estava sob forte estresse e por isso não aproveitara minhas noites de sono e conseqüentemente, ao acordar, não sabia se dormira. Recomendou-me um psiquiatra especializado e me concedeu um atestado médico para que pudesse faltar ao trabalho por uma semana. Disse que após essa semana de folga eu não precisaria do psiquiatra pois meu afastamento do trabalho me faria tão bem que o referido tratamento psiquiátrico seria desnecessário.

E assim foi. Depois dos sete dias estava recuperado, mas não por noites de sono bem dormidas.

Os primeiros dias de minha folga mantive atividades simples: assistia TV, utilizava o computador e dispensava Carmem cedo para que pudesse tentar dormir. O insucesso do meu sono nestes primeiros dias me fez começar a acreditar que dormir não dependia só de mim. Fora algum fator externo que me impedia. Aumentara a cada dia a minha repulsa por Carmem, certo dia a dispensei antes mesmo que ela entrasse em casa. Tudo nela me irritava: o seu cheiro barato de leite de rosas, as suas unhas mal feitas de lavar louça e principalmente seu lenço que protegia seus cabelos desgrenhados enquanto ela fritava algo gorduroso. Já pelo terceiro ou quinto dia percebi que o problema era ela, e suas maneiras. O seu jeito suburbano de ser deixava claro até para mim que ela era uma feiticeira.

Eu ouvia vozes na minha cabeça, algumas diziam para demiti-la, outras diziam para atirá-la da janela, mas todas concordavam em um ponto: eu deveria antes retirar dela e amarrar o lenço gorduroso na maçaneta da minha porta. Este lenço seria a razão da minha insônia. Um lenço enfeitiçado que ela vinha trazendo a minha casa desde sempre. Com uma faca eu a degolei, com uma serra para vergalhões eu a cortei em pedaços, que conservei em um refrigerador e joguei fora aos poucos durante o mês seguinte. Amarrei o lenço na porta e então descansei o sétimo dia inteiro para que só fosse acordar no oitavo e ir trabalhar.

“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito”. (Gênesis 2:2 RA).


quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

1 - Sobre o primeiro post


O primeiro post do meu blog é sobre o motivo do nome e o motivo do blog. Segue abaixo poesia de Allan Poe chamada "Um Sonho Num Sonho" (Dream Within a Dream). Trata-se de uma abordagem sobre realidade alternativa muito interessante, sobre o que se vê e do que se quer ver.
O motivo deste blog é difusão de coisas que eu gostei e coisas que pra mim acrescentaria ou pelo menos divertiria muito todos que conheço/gosto. Útil ou não tenho vontade de dividir com as pessoas meu interesse por certos assuntos, dentre eles Edgar Allan Poe, escritor Norte Americano nascido 19 de Janeiro de 1809 e falecido 40 anos depois. A leitura não é um dos hábitos predominantes no meu dia-à-dia mas quando leio Allan Poe tenho vontade de ler cada vez mais e de espalhar de modo acessível (Blog) ou contar com adaptações (minhas) as histórias fantásticas escritas por ele. Allan Poe é o escritor de textos famosos como O Corvo e O Poço e Pêndulo e outros textos menos famosos porém não menos legais.Na imagem acima vemos seu retrato na parte de baixo e elementos usualmente utilizados nos textos de Poe: Caveiras, corvos, trevas. Apesar de parecer "dark" demais, Allan Poe é irônico. Talvez triste, mas sem perder a perspicácia em descrições sobre a alma humana.
Quanto ao blog, não tenho nenhuma formação acadêmica e nenhum interesse cultural. É simplesmente um modo de difundir meus interesses e idéias. Se não concorda com opiniões aqui expressas ou encontrou informações erradas e incoerentes isso pode ser porque inventei a informação ou porque não busquei fontes adequadas. Um beijo do gordo. huehueh :D

Um sonho num sonho

Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?