Arte e reprodutibilidade técnica
Escrevia com o próprio sangue. Era um hábito. Cortava calmamente o pulso esquerdo, deixava escorrer o líquido sobre o tinteiro, misturava um pouco de anticoagulante e molhava a ponta da pena.
Procedeu assim por um bom tempo. Até descobrir: não poderiam publicar algo escrito com sangue. Tinta era mais limpo e comercialmente correto. Descobriu mais: seus textos pareciam valer mais pela caligrafia e pelo material empregado do que pelo conteúdo literário.
Aconselharam: "você deveria se tornar um artista plástico."
Foi o que fez: plastificou-se. Inteiro. Naturalmente, morreu. Mas sua proeza tornou-se famosa. Foi parar num museu. As fotografias do corpo estão valendo uma fortuna.
Cláudio Carvalho
Escrevia com o próprio sangue. Era um hábito. Cortava calmamente o pulso esquerdo, deixava escorrer o líquido sobre o tinteiro, misturava um pouco de anticoagulante e molhava a ponta da pena.
Procedeu assim por um bom tempo. Até descobrir: não poderiam publicar algo escrito com sangue. Tinta era mais limpo e comercialmente correto. Descobriu mais: seus textos pareciam valer mais pela caligrafia e pelo material empregado do que pelo conteúdo literário.
Aconselharam: "você deveria se tornar um artista plástico."
Foi o que fez: plastificou-se. Inteiro. Naturalmente, morreu. Mas sua proeza tornou-se famosa. Foi parar num museu. As fotografias do corpo estão valendo uma fortuna.
Cláudio Carvalho
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