quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Depois do depois

Depois do depois

E depois de milênios no céu
o tédio me fez ver que estava no inferno
Passei minha vida esperando por isso
mas hoje odeio essa imensidão azul

Rio azul Aqueronte, chamado céu
Caronte sempre nos conduz ao Tártaro
a vida entediante me conduziu ao enfarto
estou a léguas de qualquer felicidade

Estou no céu
mas sinto o próprio inferno queimando
sou mesmo assim, não sei colher o dia
sem ansiar o posterior
Não sei colher do céu sem ansiar o inferno

Sou como um câncer nas entranhas divinas
as dúvidas que Ele plantou em mim
estigam-me a colher respostas insatisfatórias

E depois do depois me rendo a Caronte
encontro Hades que me confunde dizendo:
- Eu sou seu depois do depois,
sou sua resposta final

- Agora que enfrentou Cérbero,
a travessia de Aqueronte
por uma vida inteira de dúvidas
tem coragem de enfrentar-me ou tem medo de enlouquecer?

Lucas Araujo

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Arte e reprodutibilidade técnica

Arte e reprodutibilidade técnica está no livro Assalto à cidadela dos Deuses de 2003, livro de contos e poemas do meu pai, Cláudio Carvalho. O curta feito com o texto foi uma adaptação de Carlos Jorge.



Arte e reprodutibilidade técnica

Escrevia com o próprio sangue. Era um hábito. Cortava calmamente o pulso esquerdo, deixava escorrer o líquido sobre o tinteiro, misturava um pouco de anticoagulante e molhava a ponta da pena.

Procedeu assim por um bom tempo. Até descobrir: não poderiam publicar algo escrito com sangue. Tinta era mais limpo e comercialmente correto. Descobriu mais: seus textos pareciam valer mais pela caligrafia e pelo material empregado do que pelo conteúdo literário.

Aconselharam: "você deveria se tornar um artista plástico."

Foi o que fez: plastificou-se. Inteiro. Naturalmente, morreu. Mas sua proeza tornou-se famosa. Foi parar num museu. As fotografias do corpo estão valendo uma fortuna.

Cláudio Carvalho

Soneto para a anarquia

Soneto para a anarquia

Eu poderia até dizer que não acredito
no socialismo-utópico ou anarquia
Mas isso não é verdade
eu acredito na utopia

Eu poderia fingir ser outra pessoa
mas eu acredito que existo
e partindo até disso
só sou inteiro com o que eu quero

E não é ingenuidade ou otimismo
porque quem quer não quer poder
quem quer sabe que pode

Se consegue, é outro assunto
Mas se fez o que queria
mesmo que por um segundo
______[exerceu a anarquia


Lucas Araujo

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Todo mundo quer te comer



Se em uma visita à padaria, no início do dia
perceber que estão olhando pra você
Se ao pedir sente-se mal pela forma que é tratado
Se ao sair persiste o que sente,
então sente-se vigiado.
De fato, todo mundo quer comer você

Ao acordar sente que a noite
algum estranho ou pai tarado
Olhou-te a noite inteira afim
A fim de descobrir uma brecha
Afim de conhecer a brecha

Então fecha-se permanentemente
já não se olha como antes
Já não se sente debutante
e sim um bife concorrido

E então treina um gemido,
trejeitos propícios para ocasião
mas ainda é assustado
Será que só você sabe e eles não?

Você não pode acreditar
que no trabalho ninguém sabe
que depois do expediente
a vontade do gerente
é foder com os funcionários

E então passa o tempo
e você se conscientiza
que o assunto é com você

Sente medo e de repente,
acaba até virando crente
pra Jesus te proteger

E na igreja os solteiros
alguns da banda de louvores
organizaram uma excursão para o Sítio de las Flores

E o flerte é recorrente,
mas continua o que'cê sente
De forma ingênua um irmão
quer te foder, cansou da mão

A excursão foi um pretexto
o casamento também é
você sabe que é com você
e todos querem te comer

E aonde quer que você vá
nunca encontrará sossego
porque a vida é essa selva
você é o mais fraco na cadeia alimentar
Passe a dormir com os olhos certos abertos
porque homem, mulher, criança, cachorro, velhinha:
todo mundo quer te comer


Lucas Araujo

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Chuva



segunda-feira, 9 de junho de 2008

The Raven (O Corvo) - Edgar Allan Poe


Postando um poema traduzido de Edgar Allan Poe, só pra não deixar de postar mesmo... o blog está entregue as moscas... vou colocar a tradução, e link externo pro original. O que eu mais gostei dessa tradução é que é uma tradução em prosa, diferente da tradução em verso rimado por Fernando Pessoa que normalmente encontramos em livros de poemas traduzidos de Allan Poe, a tradução em prosa de Helder Rocha é mais literal e ajuda, inclusive, na leitura do original.

O Corvo

Numa sombria madrugada, enquanto eu meditava, fraco e cansado, sobre um estranho e curioso volume de folclore esquecido; enquanto cochilava, já quase dormindo, de repente ouvi um ruído. O som de alguém levemente batendo, batendo na porta do meu quarto. "Uma visita," disse a mim mesmo, "está batendo na porta do meu quarto - É só isto e nada mais."

Ah, que eu bem disso me lembro, foi no triste mês de dezembro, e que cada distinta brasa ao morrer, lançava sua alma sobre o chão. Eu ansiava pela manhã. Buscava encontrar nos livros, em vão, o fim da minha dor - dor pela ausente Leonor - pela donzela radiante e rara que chamam os anjos de Leonor - cujo nome aqui não se ouvirá nunca mais.

E o sedoso, triste e incerto sussurro de cada cortina púrpura me emocionava - me enchia de um terror fantástico que eu nunca havia antes sentido. E buscando atenuar as batidas do meu coração, eu só repetia: "É apenas uma visita que pede entrada na porta do meu quarto - Uma visita tardia pede entrada na porta do meu quarto; - É só isto, só isto, e nada mais."

Mas depois minha alma ficou mais forte, e não mais hesitando falei: "Senhor", disse, "ou Senhora, vos imploro sincero vosso perdão. Mas o fato é que eu dormia, quando tão gentilmente chegastes batendo; e tão suavemente chegastes batendo, batendo na porta do meu quarto, que eu não estava certo de vos ter ouvido". Depois, abri a porta do quarto. Nada. Só havia noite e nada mais.

Encarei as profundezas daquelas trevas, e permaneci pensando, temendo, duvidando, sonhando sonhos mortal algum ousara antes sonhar. Mas o silêncio era inquebrável, e a paz era imóvel e profunda; e a única palavra dita foi a palavra sussurrada, "Leonor!". Fui eu quem a disse, e um eco murmurou de volta a palavra "Leonor!". Somente isto e nada mais.

De volta, ao quarto me volvendo, toda minh'alma dentro de mim ardendo, outra vez ouvi uma batida um pouco mais forte que a anterior. "Certamente," disse eu, "certamente tem alguma coisa na minha janela! Vamos ver o que está nela, para resolver este mistério. Possa meu coração parar por um instante, para que este mistério eu possa explorar. Deve ser o vento e nada mais!"

Abri toda a janela. E então, com uma piscadela, lá entrou esvoaçante um nobre Corvo dos santos dias de tempos ancestrais. Não pediu nenhuma licença; por nenhum minuto parou ou ficou; mas com jeito de lorde ou dama, pousou sobre a porta do meu quarto. Sobre um busto de Palas empoleirou-se sobre a porta do meu quarto. Pousou, sentou, e nada mais.

Depois essa ave negra, seduzindo meu triste semblante, acabou por me fazer sorrir, pelo sério e severo decoro da expressão por ela mostrada. "Embora seja raspada e aparada a tua crista," disse eu, "tu, covarde não és nada. Ó velho e macabro Corvo vagando pela orla das trevas! Dize-me qual é teu nobre nome na orla das trevas infernais!".

E o Corvo disse: "Nunca mais."

Muito eu admirei esta ave infausta por ouvir um discurso tão atenta, apesar de sua resposta de pouco sentido, que pouca relevância sustenta. Pois não podemos deixar de concordar, que ser humano algum vivente, fora alguma vez abençoado com a vista de uma ave sobre a porta do seu quarto; ave ou besta sobre um busto esculpido, sobre a porta do seu quarto, tendo um nome como "Nunca mais."

Mas o corvo, sentado sozinho no busto plácido, disse apenas aquela única palavra, como se naquela única palavra sua alma se derramasse. Depois, ele nada mais falou, nem uma pena ele moveu, até que eu pouco mais que murmurei: "Outros amigos têm me deixado. Amanhã ele irá me deixar, como minhas esperanças têm me deixado."

Então a ave disse "Nunca mais."

Impressionado pelo silêncio quebrado por resposta tão precisa, "Sem dúvida," disse eu, "o que ele diz são só palavras que guardou; que aprendeu de algum dono infeliz perseguido pela Desgraça sem perdão. Ela o seguiu com pressa e com tanta pressa até que sua canção ganhou um refrão; até ecoar os lamentos da sua Esperança que tinha como refrão a frase melancólica 'Nunca - nunca mais.' "

Mas o Corvo ainda seduzia minha alma triste e me fazia sorrir. Logo uma cadeira acolchoada empurrei diante de ave, busto e porta. Depois, deitado sobre o veludo que afundava, eu me entreguei a interligar fantasia a fantasia, pensando no que esta agourenta ave de outrora, no que esta hostil, infausta, horrenda, sinistra e agourenta ave de outrora quis dizer, ao gritar, "Nunca mais."

Concentrado me sentei para isto adivinhar, mas sem uma sílaba expressar à ave cujos olhos ígneos no centro do meu peito estavam a queimar. Isto e mais eu sentei a especular, com minha cabeça descansada a reclinar, no roxo forro de veludo da cadeira que a luz da lâmpada contemplava, mas cujo roxo forro de veludo que a lâmpada estava a contemplar ela não iria mais apertar, ah, nunca mais!

Então, me pareceu o ar ficar mais denso, perfumado por invisível incensário, agitado por Serafim cujas pegadas ressoavam no chão macio. "Maldito," eu gritei, "teu Deus te guiou e por estes anjos te enviou. Descansa! Descansa e apaga o pesar de tuas memórias de Leonor. Bebe, oh bebe este bom nepenthes e esquece a minha perdida Leonor!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! - profeta ainda, se ave ou diabo! - Tenhas sido enviado pelo Tentador, tenhas vindo com a tempestade; desolado porém indomável, nesta terra deserta encantado, neste lar pelo Horror assombrado, dize-me sincero, eu imploro. Há ou não - há ou não bálsamo em Gileade? - dize-me - dize-me, eu imploro!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! - profeta ainda, se ave ou diabo! Pelo Céu que sobre nós se inclina, pelo Deus que ambos adoramos, dize a esta alma de mágoa carregada que, antes do distante Éden, ela abraçará aquela santa donzela que os anjos chamam de Leonor; que abraçará aquela rara e radiante donzela que os anjos chamam Leonor."

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Que essa palavra nos aparte, ave ou inimiga!" eu gritei, levantando - "Volta para a tua tempestade e para a orla das trevas infernais! Não deixa pena alguma como lembrança dessa mentira que tua alma aqui falou! Deixa minha solidão inteira! - sai já desse busto sobre minha porta! Tira teu bico do meu coração, e tira tua sombra da minha porta!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

E o Corvo, sem sequer se bulir, se senta imóvel, se senta ainda, sobre o pálido busto de Palas que há sobre a porta do meu quarto. E seus olhos têm toda a dor dos olhos de um demônio que sonha; e a luz da lâmpada que o ilumina, projeta a sua sombra sobre o chão. E minh'alma, daquela sombra que jaz a flutuar no chão, levantar-se-á - nunca mais!


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Os restos

Segundo conto que eu posto aqui, esse conto futurista fala sobre um relacionamento que era pretendido durar para sempre e uma idéia para torná-lo eterno. Há de ter mais paciência pra ler do que os outros versinhos curtos do site, mas acho que vale mais a pena também.


Os restos


"E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos"
Chico Buarque - Futuros Amantes




Resquícios que seriam os restos mortais de alguma alma eram manipulados naquela sala. A despeito dos nossos preceitos de que não deveríamos criar, recriar ou manipular a vida, talvez nem mesmo Deus, base desse argumento, questionaria a importância do que acontecia ali. Restos frágeis de uma existência complexa. Restos frágeis demais pra um réptil terrestre, complexos demais pro cientificismo da época dos que trabalham a dias naquela sala.

"Meu nome é Gabrielle e eu amo Jonas mais que tudo, e quero que seja pra sempre ..."

Talvez fossem como Deus, pelo rigor científico com que trabalhavam. Dispensam uma apresentação corpórea por não parecerem com nada que possamos facilmente reconhecer. Tinham a sala e uma aparelhagem, não parecia uma oficina nem uma sala de cirurgia. Encontram-se em um futuro incalculável ou talvez um futuro relativo, atemporal, tido aqui como futuro somente pelo fato da medíocre capacidade de seu narrador para descrever qual avançada era a civilização citada. Tal avanço só pode ser descrito por mim da seguinte forma: de tão avançada a civilização já se conhecia por inteiro. Não questionavam-se mais, havia respostas para tudo, bibliotecas variadas sobre todos assuntos, do ser ao não ser, o avanço dessa civilização os permitiu dedicarem-se a descoberta de outra civilizações, primitivas ou não. Códigos, códices, palavras: todas deveriam ser descobertas, desvendadas, expostas, discutidas e enfim arquivadas para posterior consulta.

O trabalho em o que seria uma tentativa primitiva de perpetuar uma informação continuava intenso. Calculando da forma que vemos o tempo, poderíamos dizer que séculos eram necessários para decifrar apenas uma letra.

"Meu nome é Jonas, amo Gabrielle e quero que seja pra sempre..."
Os restos naquela sala respondem como se seguissem um padrão.

Caráter comum no que conhecemos como matéria é o aspecto palpável. No objeto manipulado o que havia de paupável era pouco, o que tornaria imprescindível que fosse decifrado também os códices encontrados junto. A referida civilização considerava matéria também as partes inatingíveis pelos sentidos: apesar de não verem nenhum propósito nos sentimentos sabiam através de seus estudos a importância deles para muitas civilizações menos avançadas e sabiam que a recuperação e a reprodução fiel de qualquer forma de realidade das primitivas dependeria de um profundo estudo sobre eles. O padrão dos resquícios de vida revelaram-se mais tarde se organizarem em cadeias, representarem um sentido e tratarem-se de parte decifrável de um sistema de existência biológica, ou, sendo mais correto, de dois sistemas. Para nós eram apenas fios de cabelo de duas pessoas.

Em outro departamento de pesquisas os padrões da língua se organizavam. De forma complexíssima era revelada uma história simples, de palavras simples e simples razões que seria a chave para uma reconstituição.

"Meu nome é Gabrielle e eu amo o Jonas mais que tudo, e quero que seja para sempre. Meu nome é Jonas, também amo Gabrielle e quero que seja pra sempre. Estamos em 2008, passamos anos maravilhosos juntos, mas sentimos semanas atrás um abalo significativo no nosso relacionamento. Sentimos que por alguma besteira poderíamos nos separar e isso seria péssimo. Motivados por razões adversas discutimos, nos afastamos, nos magoamos e por fim nos separamos. Passamos então os dias procurando um motivo razoável para a separação, apesar de encontrarmos atráves do ciúme e das mágoas diversos motivos para não voltarmos, continuamos sendo um do outro, mesmo afastados. Três dias atrás, como sem querer, a encontrei na rua, sem exitar falei tudo que sentia por ela, tudo junto, sem intervalos. Passamos os outros dois dias no paraíso, e no terceiro dia veio o medo de perdê-la outra vez: nela e em mim. Gabrielle então teve uma idéia, faríamos uma capsula do tempo, contaríamos a nossa história e guardaríamos alguns fios de cabelo para uma eventual reconstituição do nosso DNA. Talvez um câncer, uma mágoa mal curada, uma fatalidade ou uma crise de ciúme possa dar um fim definitivo a nós, mas temos certeza que nos últimos dois dias vivemos o paraíso, e é aqui que queremos ficar para sempre. Escrevemos e cavaremos bem fundo para que em qualquer época nosso amor possa durar para sempre, para que uma civilização avançada possa nos aproximar novamente, ou que para pelo menos tenhamos a esperança que isso aconteça.

Elle&Jonny"



domingo, 24 de fevereiro de 2008

Um dia daqueles

muito bacaninha ;D
é um livro tals, e tem também outras séries bacaninhas

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Casulo


Casulo


Inveja infundada que sinto dos suicidas
Julgo o que não entendo
Não os vemos mais
E aparentemente cessam-se as adversidades

No que ela vai trabalhar?
Conseguiu passar no vestibular?
Ou vive em um casamento sem amor?

Só que pra arma isso não é importante
No escuro eterno há um atrativo
Para os olhos fadigados pela insônia

E eu que estou do outro lado
Sou as respostas que você esperava
Mas tenho a vida inteira pela frente
E os nossos filhos pra cuidar

Eu vim lhe trazer a esperança
Mas não tão breve
Vive intensamente e de vez em quando
Lembra de mim

Enxuga as lágrimas
Separe-as do sangue
Hoje eu te dei outra chance
E aqui é onde você renasceu



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Resumo



Primeiro a gente tem vontade e tempo, mas não tem dinheiro
depois a gente tem dinheiro e vontade, mas não tem tempo
e então a gente tem tempo e dinheiro, mas não tem vontade


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O Ministério da Morte


A estória dos versos abaixo, é por si só mais interessante do que os próprios versos. A idéia do Ministério da Morte começou quando um amigo meu me contou que havia lido por sobre o ombro de um homem no ônibus uma carta que conteria uma requisição para comparecimento do homem em um local para que então fosse incinerado (morto). Meu amigo disse que a carta tinha brasão do governo, era escrita em papel de qualidade. Foi daí que escrevi os versos a seguir, que acabaram virando música da minha banda (Contra) e também tenho vontade de escrever uma história maior sobre o tal ministério secreto que incineraria homens e incentivaria a eutanásia voluntária (?) de sujeitos considerados párias ou simplesmente de sujeitos que não queriam mais viver. É interessante também o que aconteceu um tempo depois que ele me contou a história: meu amigo cismou comigo que fui eu que contei ter lido a carta do sujeito no ônibus e ter contado a ele. Eu tenho CERTEZA que nunca li essa carta. Será o ministério agindo? Será que ele tem medo de dizer que ELE leu tal carta? Hahah ;D



O Ministério da Morte

A carta foi entregue em minha porta
o Estado queria me ver morto
julgavam minha vida sem sentido
estou fora dos planos do futuro

A carta e o brasão do governo
A carta e razão do governo

E quem vai buscar cigarros e não volta
de certo que o corpo nunca fora encontrado
o Ministério se encarrega do serviço
e a família raramente nota a falta

A carta e o brasão do governo
A carta e razão do governo

"Viemos por meio desta
Solicitamos o comparecimento
Com dezoito litros de gasolina
e um saco onde as cinzas irão dentro"




Última Chance

Passo a frente é o fim da última chance
Se há volta, não arrisque o fim prematuro
porque dói em todo mundo quase sempre
e o que varia é a força e a intensidade
e que o triste é parte da felicidade
e o caminho é passar por quase tudo
porque as respostas nunca são satisfatórias
e a morte é tão escura e tão incerta
mas a vida não te esconde a verdade

In Memoriam

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

pensamento do dia ;D



Saudades de alguém que não conheço



Um dia me pus a pensar em tudo que nunca passamos juntos
e aonde você foi quando eu mais precisei
Se aínda quiser, volte em um futuro e estará perdoado
Tudo será como sempre planejamos.